A nova novela das seis vai ser um revival, um
verdadeiro devaneio da década de 70 e eu já comecei a viajar... tipo essas coisas
de pessoas de meia idade que já tem muitas lembranças e muita vida vivida.
Ah.... como foi bom! Vivi e curti a beça os anos 70, uma
época linda, delirante e inspiradora. Pra começar bem essa década, em 21 de
junho de 1970 o Brasil era tri-campeão da Copa do
Mundo de Futebol, realizada no México.
Os jovens dos anos 70 tinham um pouco de rebelde e revolucionário,
talvez pela vivência da ditadura e da repressão, pela ânsia da liberdade e por
toda transição pela qual passamos como a influência da TV, a liberdade que as
mulheres procuravam especialmente no mercado de trabalho, a chegada da
tecnologia no fim da década, as mobilizações políticas, os movimentos
estudantis, enfim, sem dúvida que este turbilhão de acontecimentos provocou um
período conturbado para o Brasil, especialmente para os jovens. Mas pregávamos
a paz e o amor, éramos loucos e santos e ainda hoje trago desses anos a herança
de ser viciada em paz, amor, oração, música e flores.
A música e o cinema já influenciavam muito e os jovens dos
anos 70 experimentaram a diversidade. Ao lado da música popular brasileira,
depois de todo sucesso do rock e dos Beatles, começávamos a efervescência da era
disco, disco music ou discoteca. A era da discoteca foi repleta de canções alto
astral, feitas para cantar e dançar. Como eram boas as baladas e os bailinhos
tããããooo dançantes, com a moda hippie que virou super psicodélica e que a gente
mesmo fazia. Me lembro bem de tingir várias camisetas com as amigas e depois
bordá-las, de aprender a fazer sandálias que amarravam no tornozelo, de comprar
em brechós calça jeans usada só para garantir aquele aspecto mais gasto e
relaxado, lembro também de mandar aumentar a boca do jeans para ficar com boca
sino.... ahahahaha... gente, que loucura!!! Vivi a riponga, a bicho grilo e a
indiana colorida e chic. Ainda tinha a moda unisex e os cabelos longos até para
os homens.
Anos mágicos e mais que dourados para mim. Anos de Elton
John, Peter Frampton, Marvin Gaye, Os Mutantes com Rita Lee (eu amava!!), James
Taylor, Chico Buarque, Caetano Veloso, Elis Regina. Artistas tão competentes na
música. Aquelas seleções de lenta do Michael Jackson tão pequeno cantando Music
And Me (ai que saudades) e de B. J. Thomas com Rock'n'Roll Lullaby.
Todo mundo dançando abraçadinho, os mesmos passinhos
sincronizados. Ou quando tocava uma mais agitada, aliás, lembro bem da música
“Disco Inferno” dos The Tramps que o povo tinha um passinho especial para ir
correndo para a pista quando começava a tocar. As pistas de dança eram
iluminadas por globos de espelhos e luzes estroboscópicas. E a ordem era dançar
e dançar sem parar. Dance bem, dance mal, dance sem parar...
Na segunda metade da década de 70, as discotecas ferviam. A
febre da disco music se espalhou pelo país com os sucessos da novela
“Dancin’ Days” e o lançamento do filme “Os Embalos de Sábado à Noite”, com John
Travolta e Bee Gees.
Tive meus minutos de fama, pois me sentia uma estrela
dançando ao som de Cerrone, Patrick Hernandez, John Paul Young com Love is in
the Air, a consagrada banda Santa Esmeralda com Don't Let Me Be Misunderstood,
e ainda Village People com YMCA, Shame de Evelyn King, Rock You Baby do KC e o Abba, meu Deus, lembro que minha
irmã adorava!!!
Apesar da batalha diária de meus pais, era uma época boa
para minha família. Estudávamos num bom colégio e meu pai costuma nos levar as
aulas, com seu opala verde, ao som de Elton John e Billy Paul, que ele adorava. Depois da escola eu
ia várias tardes sentir a brisa do mar, ver o pôr-do-sol, se bem que a verdade
verdadeira é que gostávamos de ver os surfistas da época.... ...
Bem, eu adorava e ainda adoro música, quase todos os
tipos, salvo raríssimas exceções. Mas naquela época amava Roger Daltrey e James
Taylor, achava os mais lindos!!!
Aqui deixo algumas músicas da minha trilha sonora daquela
época, de momentos tão marcantes:
Nacionais: Sá Marina (Wilson Simonal), Madalena, Ovelha
Negra (Rita Lee), Como Nossos Pais, Madalena e Águas de Março (Elis Regina),
Abri a porta e Menino Deus (A cor do som), Amor de Índio e Sol de Primavera
(Beto Guedes), Qualquer Coisa, Sampa (Caetano Veloso), Construção e Apesar de
Você (Chico Buarque), O que será (Milton Nascimento), Gita, Tente Outra Vez e
metamorfose Ambulante (Raul Seixas), Dancing Days (As Frenéticas), Não quero
dinheiro (Tim Maia), Apenas Um Rapaz Latino-Americano (Belchior), Explode
Coração (Gonzaguinha)
Internacionais:
Goodbye Yellow Brick Road e Bennie And The Jets (Elton Jhon), My Cherie Amour, You
Are the Sunshine of My Life e Overjoyed (Stevie Wonder), What's Going On (Marvin
Gaye), That's The Way I Like It, Rock You Baby, I'm Your Boogie Man (KC &
The Sunshine Band), Good Times e Le Freak (Chic), Saturday Night Fever e How
Deep Is Your Love (Bee Gees), Don’t Let Me Be Misunderstood (Santa Esmeralda), 48
Crash (Suzi Quatro), Last Train to London (Electric Light Orchestra), Heaven
Must Be Missing An Angel (Tavares), I Will Survive (Gloria Gaynor), Hot
Stuff (Donna Summer), Dancing Queen (ABBA), Macho Man e Y.M.C.A. (Village People), Close to you
(Carpenters), You’ve got a Friend, Shower the people (James Taylor, lindo!!!), American Pie (Don
McLean), Too Late (Carole King)
Hoje, mais de 40 anos se passaram e eu posso dizer, sem
sombra de dúvida que os anos 70 foram os melhores anos. A década que eu descobri
o mundo apesar de não ter celular, internet, skype, whatsapp, mas tinham as
cartas e eu as enviava para vários lugares, me correspondia com várias pessoas,
do Brasil e do exterior. O que seria de nós se não fosse as lembranças saudosas
dos bons tempos! Lindos anos setenta do século passado.
Bons Tempos... até a tristeza era feliz...