15 março 2009

Sobre o tempo e as jabuticabas


Não sei a idade que mostro, mas sei a que sinto. As coisas que vejo são como se as tivesse visto há séculos...
E, no entanto, continuo a me surpreender, tendo encantamentos e decepções.
A idade não pesa muito... o que pesa é a mediocridade e futilidade tão importante na vida de tantas pessoas.
Chega um momento que dá um cansaço de tudo aquilo que não nos deixa aproveitar os pequenos presentes que a vida nos oferece.
Quantas vezes supervalorizamos coisas tão insignificantes e sem importância.
Mas quando esse cansaço chega tudo que passamos a querer é a simplicidade e beleza das pequenas coisas da vida.
Como eu sinto que cheguei nesse momento, daqui para frente, quero me deliciar com as jabuticabas, antes que sobrem apenas os caroços.
O que importa é como você se sente no meio onde você está e tentar ser feliz o maior tempo possível. Isso é uma obrigação.




As jabuticabas e o tempo perdido

Contei meus anos e descobri que, provavelmente, terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora.

Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.


Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.

Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos. Já não tenho tempo para conversas intermináveis para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha. Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturas.

Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.


Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: “As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos”.

Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa…

Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja tão somente andar ao lado de Deus.

Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo. O essencial faz a vida valer a pena. Basta o essencial!

Antônio Mesquita Galvão
O autor é Filósofo e escritor
Publicado no Recanto das Letras em 28/05/2007Código do texto: T504626

12 março 2009

A espera de um final feliz...

O verdadeiro milagre de amor existe dentro de todos nós. Mudar não é fácil, mas temos que acrescentar uma palavra no nosso dia-a-dia que pode fazer diferença: tentar. Sem medo de nossas fraquezas. Sejamos nobres de sentimentos. De mãos dadas porque é necessário passar das omissões para as ações cheias de vida e de planos. A razão, pura e simples, de não queremos romper um laço, quase sagrado para nós, não deve ser o motivo de nossa estagnação. A cada segundo, somos chamados a escolher. A cada escolha, novas escolhas são abertas e principalmente, resultados são abertos, e nós temos que assumi-los. Afinal, imagino que somos seres sensíveis e coerentes.