17 novembro 2006

Nossas verdades são só palpites...

Já dizia Rubem Alves: "O que é necessário compreender é que ninguém tem a verdade. Nós só damos palpites. No momento em que os indivíduos compreenderem que suas verdades não passam de palpites eles ficam mais tolerantes. E é gostoso conversar mansamente, cada um ouvindo honestamente o que os outros tem a dizer."

Penso que existem algumas verdades... ou pelo menos o absolutismo de quem deseja que suas verdades sejam verdades verdadeiras, mas entre o céu e a terra há muito mais coisas que a nossa vã filosofia pode imaginar.
Eu, por muito tempo cultivei valores e crenças muito embora sempre em busca de respostas para a minha existência e para as dificuldades que nós, seres humanos encontramos em ser, mas sempre querendo, de certa forma, preservar meus conceitos e minhas convicções. Mas confesso que muitas das minhas verdades morreram ao longo da minha vida. Muitas pequenas mortes eu experimentei.

Hoje sinto medo das verdades absolutas e da falta completa de ilusões. Vejo com tristeza tantas pessoas cheias de seguranças, verdades inquestionáveis, muitas vezes sem perceber que insistem em erros, convicções que se transformam em preconceitos....

Prefiro crer que as verdades não são fixas, ou pelo menos considerar sempre que existem diversos pontos de vista e os fatos são dinâmicos e constantemente mudam. Assim as cobranças e críticas que fazemos a nós e aos outros vão minimizando e nós aprendemos a aceitar mais as pessoas e viver melhor.

Será isso amadurecimento? Processo de renovação?
Sei lá, só sei que estou aprendendo a duvidar de algumas certezas e conviver melhor com o meu idealismo... não tenho verdades absolutas, não sei tudo, sou o que sou mas quase nada sei... e tenho me sentido muito mais leve e de alma muito mais limpa... :-)

Se você concorda ou não com meus palpites, não sei também, mas pelo sim pelo não, para aquelas pessoas mais conservadoras que são muito seguras de suas verdades e convicções, deixo aqui um texto de Fernada Petter, com um enfoque muito interessante sobre "Verdades Absolutas".

Beijo e bom fim-de-semana!

Verdades Absolutas
por Fernanda Petter

Vivemos na sociedade das verdades absolutas. A grande maioria das pessoas já tem opinião formada a respeito de grande parte dos assuntos que fazem parte de nossa natureza humana. Assuntos como: a melhor maneira de criar os filhos, como se dar bem na vida, como manter o casamento etc. São sempre os mesmos dizeres, frases feitas, opiniões massificadas que não conseguem perceber que apesar da situação externa ser semelhante, os envolvidos na questão certamente são diferentes pessoas com níveis culturais, financeiros, emocionais e espirituais completamente diferenciados. O que torna uma situação externa que apesar de parecida, completamente diferente de outra.
O tempo todo julgamos. Natural... É a partir do julgamento interno que nos posicionamos perante os acontecimentos. Mas, devemos tomar cuidado, pois muitas vezes, sem querer, repetimos frases que ouvimos desde a infância, falamos como se estivéssemos no piloto automático.
Normalmente, as verdades absolutas, vêm bastante extremadas. O bom e o mal, o certo e o errado, o moral e o imoral, a vítima e o bandido(a). Enquanto estivermos pregados nos extremos, não veremos o caminho da transcendência. O caminho do meio, onde as coisas são colocadas em uma balança que considera vários aspectos de uma mesma situação, ampliando nosso olhar e nossa capacidade de discernimento. Saber separar os pequenos fios que se entremeiam e nos confundem é um treino assim como tantos outros necessários na nossa busca por evolução espiritual. Para isso precisamos ser humildes o suficiente para percebermos que já estamos contaminados, esse preconceito faz parte de nosso contexto cultural.
Aprender a ver o que está por detrás das aparências é fundamental para que possamos entender as diferentes situações de vida que estão à nossa volta com um julgamento mais imparcial e naturalmente mais justo. Com esse exercício de humildade e aprendizado, estaremos praticando a forma mais pura de amor. O amor universal que compreende nossa imperfeição. E como disse Jesus: “Amai uns aos outros”.

15 comentários:

Anônimo disse...

Oi Tina,eu não sei me expressr como vc, mas admiro a sua maneira de tratar assuntos tão difíceis e que estão precisando ser repensados, como os valores
que vamos acumulando no decorrer da vida e que, deveríamos de vez em
qdo, reanalizar. Vc falou tudo o que realmente eu acho, mas não estou utilizando na prática. Eu tenho que ouví-la mais e fazer uma análise de tudo o que se passa na minha vida. Tina, eu te admiro muito! Vc passou por dificuldades gdes e ñunca perdeu a fé e a coragem. Que Deus te abençõe sempre
e te dê os frutos dessa força que vc passa pra todos. Um gde bjo.

Anônimo disse...

Oi Cristina, parabéns por trazer tao bem um assunto polêmico, pois ninguém gosta de ouvir sobre essas coisas. Minha vida sofreu uma metamorfose, e muito valores q tinham raízes, vi q eles estavam completamente errados. Desde entao estou numa eterna reciclagem, kakakakaka!!!

Grande beijo

Georgia

Anônimo disse...

Cris, na minha simples opinião a verdade não pode ser absoluta, porque ela é apenas um conceito que pode ser contestado e questionado a qualquer momento e num dado momento ser derrubado e não necessariamente ser eterno. Tem mais, onde a verdade pra vc é absoluta, para certas pessoas pode não ser, pq a verdade sobre algo está intimamente relacionada ao conhecimento de cada um. Além disso, as “verdades absolutas” podem deixar as pessoas cegas e provocar grandes guerras. É imprescindível que as pessoas revejam esses conceitos e convenções para que possamos ter um mundo realmente melhor.

Anônimo disse...

Maria Cristina,

Existem pessoas que realmente acreditam que sua verdade é sempre a mais certa. Existem pessoas que sabem que a verdade é algo muito relativo. Cada um tem seu pensamento e nenhum é absolutamente correto. Temos nossos pontos de vista diferentes e cabe a nós discutir e entrar num acordo sob aquilo que nos é importante.
Parabéns pelo texto, querida! É muito interessante e nos leva a várias reflexões.

Só para ilustrar, Carlos Drummond de Andrade fala por nós:


Verdade

A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.


Beijinho.

Anônimo disse...

O texto é bom, conciso, pé-no-chão e eu tb não acredito em verdades absolutas. Eu tenho as minhas, vc tem as suas e nós dois temos várias delas em comum. No entanto, com certeza existe um monte de gente legal que pode achar que a nossa verdade não é tão boa assim. E aí como ficamos? Logo, a verdade é muito relativa. Beijocas.

Anônimo disse...

Oiieee..

Verdades..verdades absolutas..Eu particularmente acredito que a verdade depende do momento, o que é uma verdade hoje, pode não ser amanhã..Nada é perene, nem a vida.
O importante é viver a vida, a SUA vida, não a que QUEREM que você viva..Uma vez li, não lembro onde, mais ou menos assim :

A sua verdade pode ser a mentira do outro.

Nunca esqueci disso. Verdade realmente só existe pra nós.

Beijos do Zep

Anônimo disse...

realmente isso tudo eh muito verdade... rsrs
gostei do seu blog. voltarei mais vezes.

Anônimo disse...

Ok, Cris! Verdade. Até onde ela existe?

Se pensei para escrever isso, eis, na definição de Descartes, a primeira verdade. Existo. E existindo, comecei, mesmo sem querer, a descobrir a vida. Veja a disparidade das verdades: a gente sai de um grande filósofo para cair no lugar comum de um pagodeiro. Não necessariamente o melhor, mas o Zeca é bom. Isso é uma verdade.

A maçã (que não a do amor, aquela caramelada que a gente encontra nos parques de diversões, nas esquinas das ruas, ou mesmo a que Eva comeu para perder o privilégio de viver no paraíso) é uma verdade enquanto fruta. Se é verdade ser deliciosa, vai do paladar de cada um. Mas é verdade que ela foi empregada para justificar a existência da lei da gravidade. Isaac Newton que o diga.

Há, claro, a verdade formal - aquela que não implica contradição, que consiste num acordo de pensamento consigo próprio; verdade que assegura a lógica formal. E também podemos cogitar da verdade material – a que se traduz na aliança do pensamento ou da afirmação com um dado factual, o qual pode ser imaterial (como o psíquico) ou material.

Compêndios indicam que a verdade, verdadeiramente, é uma interpretação mental da realidade transmitida pelos sentidos, confirmada por outros seres humanos com cérebros normais e despidos de preconceitos (desejo de crer que algo seja verdadeiro), e confirmada por equações matemáticas e lingüísticas, formando um modelo capaz de prever acontecimentos futuros diante das mesmas coordenadas

Ou, em outras palavras (não menos verdadeiras): conhecer a verdade é deixar o ser se manifestar. É estar aberto para o ser.

Há também quem assegure que a verdade é uma retórica bem-sucedida, posto que as verdades do mundo vão além das verdades dos palpites humanos.

Verdade é ter um desejo que se realize. Aí, não é mais desejo. É fato – desde que se realize. Os impérios tendem a ruir. Nero existiu. É verdade. Outros impérios ruirão. Espero que Bush (pai) viva para ver o seu desmoronar. É o meu desejo. Esperar por Bush filho é demorar muito. Há aqui um desejo. Que espero ainda ver como verdade.

Em síntese, a verdade, para assim ser definida, precisa ser coroada de unanimidade. Mas a unanimidade é uma mentira. A verdade, pensando assim, é uma mentira. Seria?

Para concluir: a verdade é uma só. Difícil é chegar a ela, conviver com ela, difundi-la. O dia de amanhã será maravilhoso. Ou será mal? Ninguém pode assegurar, como verdade, como será o amanhã. Deixemos, portanto, a cada dia o seu mal. Cristo me ensinou isso como verdade. E levou ao pé da letra. Tanto quanto 2+2 são quatro..

Anônimo disse...

Ok, Cris! Verdade. Até onde ela existe?

Se pensei para escrever isso, eis, na definição de Descartes, a primeira verdade. Existo. E existindo, comecei, mesmo sem querer, a descobrir a vida. Veja a disparidade das verdades: a gente sai de um grande filósofo para cair no lugar comum de um pagodeiro. Não necessariamente o melhor, mas o Zeca é bom. Isso é uma verdade.

A maçã (que não a do amor, aquela caramelada que a gente encontra nos parques de diversões, nas esquinas das ruas, ou mesmo a que Eva comeu para perder o privilégio de viver no paraíso) é uma verdade enquanto fruta. Se é verdade ser deliciosa, vai do paladar de cada um. Mas é verdade que ela foi empregada para justificar a existência da lei da gravidade. Isaac Newton que o diga.

Há, claro, a verdade formal - aquela que não implica contradição, que consiste num acordo de pensamento consigo próprio; verdade que assegura a lógica formal. E também podemos cogitar da verdade material – a que se traduz na aliança do pensamento ou da afirmação com um dado factual, o qual pode ser imaterial (como o psíquico) ou material.

Compêndios indicam que a verdade, verdadeiramente, é uma interpretação mental da realidade transmitida pelos sentidos, confirmada por outros seres humanos com cérebros normais e despidos de preconceitos (desejo de crer que algo seja verdadeiro), e confirmada por equações matemáticas e lingüísticas, formando um modelo capaz de prever acontecimentos futuros diante das mesmas coordenadas

Ou, em outras palavras (não menos verdadeiras): conhecer a verdade é deixar o ser se manifestar. É estar aberto para o ser.

Há também quem assegure que a verdade é uma retórica bem-sucedida, posto que as verdades do mundo vão além das verdades dos palpites humanos.

Verdade é ter um desejo que se realize. Aí, não é mais desejo. É fato – desde que se realize. Os impérios tendem a ruir. Nero existiu. É verdade. Outros impérios ruirão. Espero que Bush (pai) viva para ver o seu desmoronar. É o meu desejo. Esperar por Bush filho é demorar muito. Há aqui um desejo. Que espero ainda ver como verdade.

Em síntese, a verdade, para assim ser definida, precisa ser coroada de unanimidade. Mas a unanimidade é uma mentira. A verdade, pensando assim, é uma mentira. Seria?

Para concluir: a verdade é uma só. Difícil é chegar a ela, conviver com ela, difundi-la. O dia de amanhã será maravilhoso. Ou será mal? Ninguém pode assegurar, como verdade, como será o amanhã. Deixemos, portanto, a cada dia o seu mal. Cristo me ensinou isso como verdade. E levou ao pé da letra. Tanto quanto 2+2 são quatro..

Anônimo disse...

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